“A gente fica muito feliz, porque vê que ele (Bolsonaro) está olhando por nós. Só que a gente também sabe que não é uma situação muito fácil, vem chumbo grosso por aí, pode ter certeza, porque querendo ou não interfere na política de preços (da Petrobrás)”.
(Wallace “Chorão” Landim, líder dos caminhoneiros)
Nesta semana, Bolsonaro interferiu na política de preços da Petrobras. Há algumas semanas, especulava-se a respeito das chances de eclosão de uma nova greve dos caminhoneiros. A categoria, tendo paralisado o país no ano passado, sabe da força que detém – e o governo também. O reajuste programado para o diesel, de 5,7%, foi vetado; e o presidente sofreu duras críticas. A credibilidade da Petrobras também saiu arranhada. Ficou convocada uma reunião da Petrobras com o presidente para que a diretoria o convença da necessidade do aumento de preços, e suspenso o reajuste por pelo menos uma semana.
É sintomático que Bolsonaro tenha decidido privilegiar a categoria. O presidente sabe que seu capital político não está alto o bastante para enfrentar uma nova greve dos caminhoneiros. Mas ceder de forma premente também compromete a confiança no status liberal de seu governo, e consequentemente o apetite para novos investimentos no país.
Compromisso ideológico à parte, vale perguntar: o país aguentaria outra greve?
Enquanto isso, a PEC da Previdência sofre na CCJ. O “centrão” vem atrapalhando a tramitação da reforma, forçando a votação de outras temas antes da Previdência. Um dos deputados do PP disse que irá propor destaque para assegurar os direitos dos trabalhadores rurais na Constituição como cláusula pétrea. A votação da admissibilidade da PEC da reforma deve ficar, portanto, para depois da semana santa.
Por fim, alguns jornais noticiaram, sem grande destaque, que a PF identificou repasses de dinheiro da Odebrecht para codinomes atribuídos a Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Maia ainda não se pronunciou a respeito. Juntando isso a rumores de que a prisão de Michel Temer vem tornando cada vez mais plausível uma eventual delação de Eduardo Cunha, podemos esperar muitos ruídos vindos de Brasília nos próximos meses. Alguns operadores atribuem os vazamentos a uma operação concertada do Judiciário, com o propósito de fazer naufragar a reforma da Previdência.