“Nós não aprovamos a anistia, a Câmara não aprovou a anistia, o Senado não aprovou a anistia; o que aprovou foi a possibilidade de dar a essas pessoas a condição de acionar o Judiciário”. (Hugo Motta, presidente da Câmara)
Nesta semana, Jair Bolsonaro obteve algumas concessões do ministro Alexandre de Moraes. Atendendo a um pedido da defesa, foi autorizado que sua esposa, Michelle Bolsonaro, o visite sem necessidade de requerimento prévio, em horários fixos, duas vezes por semana. Além disso, permitiu-se que o ex-presidente conceda uma entrevista à imprensa na próxima semana.
Paralelamente, o Congresso aprovou o projeto de lei da Dosimetria. A proposta cria mecanismos para acelerar a progressão de regime para condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito, prevendo ainda a redução de até dois terços da pena para os participantes dos atos de 8 de janeiro (os chamados “vândalos comuns”).
A medida é amplamente percebida como um meio-termo entre a anistia plena e a situação atual. O presidente Lula já anunciou que vetará o projeto, mas todos entendem que o Congresso tem a prerrogativa da derrubada do veto.
Assim, especula-se que a oposição utilize a conjuntura atual para negociar com o ex-presidente: a desistência da candidatura de Flávio em troca da derrubada do veto ao PL da Dosimetria. Como Bolsonaro segue bem-informado e a última pesquisa eleitoral não desenha um cenário favorável ao seu filho, a entrevista agendada para a próxima semana será analisada com atenção. Mais do que um abandono prematuro da candidatura de Flávio, a resposta sobre uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas poderá definir os rumos da oposição.

