“Engana-se aqueles que acham que essa coação pode gerar uma covarde rendição dos Poderes. A soberania nacional não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”. (Alexandre de Moraes)
Em uma surpreendente reviravolta dos fatos, a Casa Branca decidiu sancionar o ministro do STF Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, o que o impede de acessar diversos serviços prestados por empresas americanas. A medida deixou abundantemente claro o caráter político do embate com o establishment brasileiro.
Na mesma semana, Trump assinou uma ordem executiva impondo as prometidas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Cerca de metade da pauta de exportações foi isentada do aumento, especialmente aeronaves e suas partes (para alívio da Embraer) e o suco de laranja. Notavelmente, o café brasileiro não escapou da tributação.
Ainda não há clareza quanto à resposta do governo brasileiro. Foi positivo e digno de nota o encontro do chanceler Mauro Vieira com seu par americano, o secretário de Estado Marco Rubio. Além disso, uma delegação multipartidária de senadores brasileiros conseguiu ser ouvida no Capitólio. De uma forma ou de outra, os canais de comunicação não estão tão obstruídos quanto se imaginava nas últimas semanas.
Os riscos, no entanto, permanecem elevados. Apesar de os danos à economia brasileira serem relativamente pequenos, reflexo de sermos uma economia ainda bastante fechada e com impactos localizados, o país depende fortemente do investimento estrangeiro. Um rompimento diplomático com os Estados Unidos, por mais injustificado que pareça, seria extremamente prejudicial. E ainda não se sabe como a Casa Branca reagirá à aparentemente inevitável condenação, e posterior encarceramento, do ex-presidente Jair Bolsonaro.