“Procuro sempre não chorar em público. Dentro daquela sala vazia lá da Presidência já chorei várias vezes. “Meu Deus qual foi meu pecado pra estar aqui?” (Jair Bolsonaro)
Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, liderança de organização criminosa armada, dano qualificado contra o Patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Com a apresentação da denúncia, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, concedeu um prazo de 15 dias para que os advogados apresentem defesa e eventuais contestações. Após a conclusão de alguns processos, com o caso apto para julgamento, o rito prevê que Moraes encaminhe a denúncia para análise da Primeira Turma do STF, que julgará o caso e decidirá se transforma os denunciados em réus. Alguns especialistas têm relatado à mídia que estimam que o ex-presidente pode receber uma pena de 12 a 43 anos de prisão.
Uma eventual prisão de Bolsonaro só se concretizaria nos últimos meses do ano. Ninguém acredita que o Supremo queira iniciar um ano eleitoral com esse julgamento ainda em curso. Caso o ex-presidente venha a ser preso, sua candidatura, já improvável devido à inelegibilidade, se tornaria uma possibilidade ainda mais remota.
Isso tem consequências eleitorais importantes. Se, em 2022, Lula venceu o pleito com uma margem estreita contra um Bolsonaro que enfrentava alta rejeição, e considerando que atualmente não há um nome com tanta rejeição do outro lado — somado ao fato de Bolsonaro acumular uma popularidade bastante comprometida —, as chances de eleição de uma candidatura alternativa aumentam consideravelmente.