“Nós estamos num período onde a política não é mais a política que a gente conhecia há oito, dez anos atrás. A política está totalmente bipolarizada, fanatizada. E alguns já estão em campanha eleitoral para 2026”. (Jacques Wagner, líder do governo no Senado)
O Governo vem sofrendo uma série de reveses no Congresso. Isso não é exatamente uma novidade. Após a aprovação das pautas econômicas em 2023, o Planalto vem há meses apresentando dificuldades em convencer os parlamentares a apoiarem sua agenda.
A bem da verdade, parte da percepção de que o Governo não tem uma proposta de navegação política muito clara advém do fato de que o PT sabe que é um governo minoritário, e não tem base parlamentar suficiente para fazer aprovar projetos, sobretudo aqueles da chamada pauta dos costumes. O Congresso também alcançou bastante independência desde que as emendas parlamentares se tornaram impositivas. A moeda de troca à disposição do Executivo é o poder – os orçamentos discricionários dos Ministérios – mas disso, o presidente não quer abrir mão.
Neste cenário, não surpreende o Governo ter cedido na taxação das importações abaixo de $50 (com o benefício adicional de aumentar a arrecadação), além de ter sido derrotado na questão da “saidinha” dos presos e aceitado a derrota que virá na questão da criminalização do porte de drogas, em apreciação pelos Senadores.
Para tentar azeitar melhor a relação com os parlamentares, o presidente decidiu que irá se reunir com o grupo responsável pela articulação política semanalmente: o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e os três líderes: Senador Randolfe (líder do Congresso), José Guimarães (líder da Câmara) e Jacques Wagner (líder do Senado). O Planalto descarta, por ora, mudanças na equipe.