Carta Política #386

“A provocação do Judiciário (…) enquanto está tendo diálogo político, isso realmente foi um erro, na minha opinião, primário, que poderia ter sido evitado”. (Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal)

 

            Em um ano eleitoralmente importante – teremos as sucessões no Senado, na Câmara, e nas prefeituras – o governo vem sofrendo uma deterioração contínua na sua relação com os demais poderes, além da queda de popularidade junto à população.

            Após um ano de sucessivas vitórias junto ao Congresso, o Executivo não tem uma pauta vital para ser tratada junto ao Legislativo. Esse vácuo de projetos, o fato de o Presidente estar relutante em ceder mais espaço na Esplanada a outros partidos, além de uma série de acordos não-cumpridos; vêm dando aos parlamentares uma disposição mais independente. É nesse contexto que a PEC do Quinquênio, uma derrota fiscal importante, além da renovada tração de outros temas que não são de interesse do Planalto, tem que ser avaliados. A dificuldade de Arthur Lira em conseguir a garantia de Lula de não-interferência na sucessão da Câmara também contribui para os problemas do governo.

            O próprio modelo de “alinhamento automático” entre o STF e o Executivo também começa a dar sinais de cansaço. Movidos inicialmente por um sentimento de autopreservação – afinal, a direita saiu das eleições muito insatisfeita – os ministros do Supremo fortaleciam o Planalto com tranquilidade. Diante da perspectiva de um fortalecimento da oposição nas próximas eleições, no entanto, pode ser mais prudente que os ministros imponham alguma distância ao Governo.

            Temos, por fim, a popularidade, em retração lenta e constante. As candidaturas governistas nas principais capitais não têm tido o sucesso inicialmente esperado. As prefeituras costumam ser importantes plataformas eleitorais para o Congresso, em 2026. Perspectivas eleitorais ruins podem convidar o governo a tentar ser mais criativo, trazendo riscos adicionais importantes.

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