“O governo Lula está praticamente indo pro segundo mês do terceiro mandato e a ação de não estender a MP poderia atingir praticamente toda a classe média.”.
(Alessandro Azzoni, economista)
A área econômica e a área política do governo entram em embate mais uma vez. Em jogo, está a desoneração dos combustíveis, que vence no fim deste mês.
A área econômica do governo, capitaneada por Haddad, defende a reoneração imediata. Já perdeu a batalha na virada do ano, quando o presidente optou por prorrogar a desoneração por dois meses. O custo de prolongar a isenção, afinal, é maior do que o custo somado de aumentar o salário mínimo de R$1.302 para R$1.320, ampliar a isenção do Imposto de Renda para dois salários mínimos, e pagar R$150 mensais por criança de até 6 anos inscrita no bolsa família.
A área política, liderada pelos ministros de perfil mais político e pela cúpula do PT, teme o impacto da medida, principalmente para a classe média. O governo já está enfrentando bastante resistência em suas muitas propostas, e antecipa que terá que lidar com muitas dificuldades quando começar a tramitação da reforma tributária.
O cerne da disputa é fiscal. Caso a reoneração não aconteça neste ano, o Tesouro estaria abrindo mão de R$25 bilhões em receita, para subsidiar o consumo da classe média de um combustível poluente.
Mais do que isso, fica o questionamento a respeito da capacidade de Haddad frear os ímpetos populistas do governo. O Ministro da Fazenda já acumula uma série de derrotas, que aumentam seu desprestígio. Tendo apresentado um pacote fiscal que já parece de difícil execução, qual credibilidade terá para levá-lo a completude se não conta com apoio entre seus partidários?
Mercadante já montou uma equipe completa no BNDES. Ao menor sinal de fritura política, teria condições de passar a ocupar a cadeira de Haddad. A ver.