“O que a gente está observando é a volta dos que não foram. Aquele eleitor que foi do Bolsonaro, que tentou sair dele à procura de um candidato, mas não conseguiu decidir-se em nenhum nome e agora está voltando para o lugar de onde nunca saiu”.
(Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria)
As pesquisas mais recentes vêm apontando algum encurtamento da distância nas intenções de votos de Lula e Bolsonaro, com crescimento marginal do atual presidente. O movimento energizou a base do candidato à reeleição, e aponta para algumas hipóteses.
No ano passado, se estimava que a repaginação do Bolsa Família no Auxílio Brasil, que envolveu também um aumento do valor pago para as famílias, seria responsável por um aumento da popularidade do presidente. Os pagamentos, no entanto, começaram em janeiro; e não parecem ter tido um efeito particularmente agudo. Entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos, a vantagem de Lula é imensa: o ex-presidente pontua cerca de 35 pontos acima de Bolsonaro.
Talvez o efeito positivo venha do eleitor mais de centro, que vem sendo chamado de “nem-nem”; nem Lula, nem Bolsonaro. O eleitor mais pragmático e menos ideológico oscila e ainda não se decidiu. Como nenhuma das candidaturas de terceira via ganhou tração até agora – Moro, a alternativa mais forte até agora, luta para superar a barreira dos 10% de intenção de votos – os centristas podem estar oscilando neste momento a favor da reeleição de quem ajudaram e eleger em 2018;
Outro efeito que pode estar se manifestando, nestes primeiros meses, pode ser o da rejeição de Lula. Sua candidatura vem ganhando materialidade, com o lançamento oficial previsto para o dia 1º de maio, simbólico por ser o dia do trabalhador. Conforme o eleitor for sendo confrontado com a realidade da candidatura do ex-presidente, será também lembrado dos escândalos de corrupção da era PT. O anúncio recente da filiação de Geraldo Alkmin ao PSB, assim como os rumores de corrupção que convenientemente surgiram nesta semana, certamente são uma antecipação do debate eleitoral.
De qualquer forma, o cenário ainda não mudou drasticamente. Hoje, a corrida parece pouco favorável a um candidato de terceira via, com vantagem, ainda que mais estreita, para o ex-presidente.