“Toda vez que fiz promessa, foi depois de conversas políticas. Sou acusado toda hora de não entregar, estamos entregando alucinadamente. Existe uma campanha negacionista, não científica, de acusações contra a equipe”.
(Paulo Guedes)
A semana foi repleta de brigas e acusações. Tanto governo, por meio de Bolsonaro e Guedes, quanto o Congresso, por meio do grupo de Rodrigo Maia, acusaram uns aos outros de estarem agindo politicamente e não de acordo com os melhores interesses do país.
É fato que o centro da disputa continua sendo a presidência da Câmara dos Deputados. O jogo parece brigado, e ninguém pode seriamente prever quem sairá vitorioso.
É por conta dessa indefinição que o caldo, por vezes, entorna. Em jogo político puro, Rodrigo Maia colocou na pauta da sessão do Congresso hoje o pagamento do 13º do Bolsa Família. Guedes veio a público dizer que aprovar o desembolso deixaria o governo exposto a um processo de impeachment, porque estaria cometendo crime de responsabilidade. O presidente da Câmara acusou o Presidente e disse que estaria tirando o projeto da pauta, a pedido do governo.
Passado o imbróglio, Guedes veio a público defender seu legado. Disse que a Câmara era disfuncional, porque a centro-direita ganhava as eleições, mas quem ditava a pauta continuava a ser a centro-esquerda. Era por isso que não eram sequer pautados projetos de privatização, como o dos Correios, da Eletrobras, da PPSA. Votos teriam. Mas projetos não-pautados nunca têm a oportunidade de ver a luz do dia.
Nisso o ministro tem um ponto. É conhecido que na campanha para a liderança da Câmara dos Deputados, o candidato vencedor acaba atendendo requisições de todos os grupos políticos. A esquerda, apesar de minoritária, tem sido bem-sucedida em sua estratégia de garantir apoio a quem quer que se comprometa a não pautar alguns projetos especialmente caros a ela. É uma forma eficiente de fazer valer sua influência, mesmo sendo minoria. É do jogo democrático, mas configura mais uma perna de nossa histórica letargia legislativa.