“Do meu ponto de vista, o imposto está morto, não tem imposto nenhum, não tem desoneração, não tem como fazer”.
(Paulo Guedes, sobre o Imposto Digital)
O tempo vai passando, e a percepção a respeito dos riscos fiscais só aumenta. Já era esperado que não haveria nenhuma solução até depois das eleições, mas os mercados de juros e moedas acusam o estresse advindo dessa incerteza.
Enquanto isso, Brasília começa a carregar os sinais de conflito. Guedes atacou Marinho novamente, o presidente da Câmara avisa ao presidente do Banco Central que a base parlamentar do governo (o Centrão) não está votando os projetos importantes para o controle fiscal, e a disputa pelo controle do Congresso no ano que vem segue a todo vapor.
A semana foi de recuos. Guedes cantou os benefícios de um imposto digital, que permitiria finalmente a desoneração da folha de pagamentos, para depois recuar e dizer que a resistência é tanta que, para ele, estava morto o imposto digital. O presidente também emitiu o decreto do SUS, não assinado pelo Ministro da Saúde. Revogou, e depois explicou porque o decreto seria positivo.
A derrubada do veto à extensão da desoneração, aparentemente, já é líquida e certa. A sessão está prevista para o dia 4 do mês próximo, se as eleições municipais permitirem que Brasília tenha quórum. Já o Renda Brasil não aparece mais nas declarações nem do senador Marcio Bittar, nem do líder do governo, Ricardo Barros. Ambos se limitam a dizer que gostariam de ver a discussão encaminhada ainda em 2020.
No mais, a semana trouxe alguns movimentos na esquerda. Após entrevista ao Roda Viva de João Santana, o marqueteiro do PT, elogiando uma eventual chapa presidencial de Ciro Gomes carregando a Lula como seu vice, os dois potenciais candidatos se encontraram para aparar as arestas. O movimento é relevante porque o PT nunca deu sinais de que estaria disposto a desocupar a liderança da esquerda – se tiver disposto a fazê-lo, realmente poderá dar competitividade a algumas candidaturas interessantes.